A construção da Usina de Belo Monte
Um assunto que certamente continuará sendo cobrado nos vestibulares é a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Sua localização é o Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do Pará. Quando ficar pronta, em 2015, a Usina de Belo Monte deve gerar 41,6 milhões de megawatts por ano, o suficiente para atender ao consumo de 20 milhões de pessoas durante um ano.
As cidades de Altamira e Vitória do Xingu terão grandes áreas inundadas, o que pode prejudicar os agricultores locais e a população ribeirinha. Por outro lado, a construção da usina pode ajudar no desenvolvimento econômico da região, com a criação de empregos. As terras indígenas de Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu serão afetadas pela diminuição da vazão do rio, causando prejuízos para uma população que depende do rio para pesca, plantação e transporte. A questão das terras indígenas e o impacto ambiental são as principais polêmicas que envolvem a construção da usina.
De acordo com Flávio Henrique D. Gazzio, geógrafo e professor do curso e colégio Oficina do Estudante, de Campinas, os vestibulares podem cobrar questões que envolvem a geografia física da região, os benefícios econômicos vinculados à construção da usina, assuntos relacionados aos grandes projetos de integração do território nacional – já que a energia que será produzida no Norte do Brasil pode beneficiar outras regiões – e perguntas relacionadas às questões socioambientais. “Os vestibulandos precisam saber, por exemplo, quais seriam os prejuízos ambientais gerados pela construção da usina, e como as populações amazônicas tradicionais (ribeirinhos e indígenas) seriam atingidas por essa construção” – completa Flávio Henrique Gazzio.
O professor do Oficina do Estudante destaca também que o tema pode ser cobrado de forma interdisciplinar e até mesmo de forma específica em questões de outras disciplinas que não geografia. Na biologia, por exemplo, a construção da usina pode ser relacionada à preocupação com a flora e a fauna local, à mudança do comportamento da vida aquática devido ao represamento e a questões ligadas à reprodução de peixes. Nas provas de física podem aparecer questões de energia potencial, pressão, transformação de energia mecânica em energia elétrica. “Até mesmo a matemática pode ter relação com a construção da usina, trazendo problemas de área, volume e vazão”.
O tema também pode ser cobrado nas provas de redação, o que exige do candidato bastante informação sobre o contexto da construção da usina. Flávio Henrique Gazzio afirma que “dificilmente a proposta de redação pedirá para o vestibulando defender diferentes posicionamentos. Certamente se exigirá a exposição de uma posição fortemente sustentada por argumentos consistentes”.